segunda-feira, 26 de agosto de 2013





Soneto da separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento 
Que os olhos desfez  a última chama
E de paixão fez-se o pressentimento 
E do momento imóvel fez-se a chama .


De repente, não mais que de repente 
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.


Fez-se do amigo próximo ou distante
Fez-se da vida uma aventura errante 
De repente não mais que de repente.

                                                     Vinícius de Moraes
 

domingo, 18 de agosto de 2013





Canção de outono

Perdoa-me, folha seca,
Não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
E até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores 
Pelas areias do chão.
Se havia gente dormindo 
Sobre o próprio coração?

E não pude levanta-la!
Choro pelo que não fiz 
E pela minha fraqueza
É que sou triste e infeliz

Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem forças 
Estão velando e rogando 
Aqueles que não se levantarão

Tu és a folha de outono 
Voante pelo jardim.
Deixo-te  minha saudade 
A melhor parte de mim.

Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
Menos que as folhas do chão...

                                      Cecília Meirelles





 

domingo, 4 de agosto de 2013




Espinhos

Vemos o mundo sempre de maneira plana e Deus vê o mundo por um todo.
Para o que não entendemos, procuramos explicações,  para que haja em nós satisfação.

É nesse olhar torto que temos da vida, nos enganamos quando nos colocamos de lado, separamos as pessoas como abençoadas ou não, merecedoras ou não da felicidade.

Uma parte mínima das pessoas não aceita esse destino todo feito, e tenta mudar a situação.
Porém na grande parte baixa a cabeça, numa atitude de resignação.

Deus não coloca as pessoas nas categorias que nós.
Pessoas abençoadas para Ele não são as que nunca ficam doentes, nunca enfrentam provações.
Nunca se sentem respeitadas ou culpadas e parecem ter uma vida tão perfeita que causa inveja.

Já perdeu tudo e foi abençoada!!!

O Apóstolo Paulo foi um homem abençoado.Deixou palavras, combateu o bom combate e até os dias de hoje nós somos beneficiados com os seus ensinamentos.

Por tanto, ele fala de um espinho, de algo que incomodava e do qual queria se livrar;
Quando ele se foi carregou com ele esse espinho.
O importante como nos ensina é que apesar de tudo guardou a fé.

Nós temos também nossos espinhos, cada um com o seu, que servem apenas para nos lembrar do quanto somos humanos.
Podemos ter muito mais certeza do amor das pessoas que nos amam apesar das nossas imperfeições, que o amor daquelas que nos amam pelas nossas qualidades.

Os primeiros vêm as qualidades e aceitam as diferenças, os outros correm o risco de se decepcionar dia ou outro.
Mas Deus, esse mesmo Deus que amou Paulo, nos ama incondicionalmente e nos abençoa.
E Ele nos ama se estamos doentes, se estamos carentes, nos sentimos sós e até, se o desespero quer ficar maior que nossas forças.

Ele nos ama independente de nossa estatura, condição física ou personalidade.
Não podemos ver nossos espinhos como maldições,
mas como algo que não impede nossa beleza, não impede que sejamos inteiros, sorridentes e felizes, alguma coisa boa positiva na vida de alguém.

Ame-se, o bastante para acreditar que você pode ser amado e apesar de ser quem é de ter o que tem os espinhos não deformam as rosas, eles as tornam ainda mais belas, misteriosas e fascinantes.

Cuide-se e nunca desista da felicidade, não veja o mal como uma fatalidade, combata-o com amor e se ele ainda ficar, ame-se ainda mais, e a si mesmo, 
porque Deus te ama assim com seus defeitos, suas doenças, seu sentimento de abandono.

Saber que somos amados renova as nossas forças levanta o nosso ânimo, nos abre portas e caminhos.
Somos todos bençãos quando damos e não compartilhamos do pouco que temos e do muito que desejamos nos vemos de igual para igual .

Somos todos abençoados mesmo se nosso caminho é feito de pequenas pedras que machucam nosso pés.
O importante mesmo é que elas não nos impeçam de caminhar.
                                   Letícia Thompson