sexta-feira, 25 de maio de 2012




Soneto a Quatro Mãos



Tudo de amor que existe em mim foi dado.
Tudo que fala em mim de amor foi dito.
Do nada em mim o amor fez o infinito.
Que por muito tornou-me escravizado.


Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito.
Cada voto que eu fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.


Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.




Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano.
    
                                        Vinícius de Morais


 
 

segunda-feira, 14 de maio de 2012







 O arco-íris da vida

Que todas as cores do mundo possam enfeitar os nossos dias.
Com todos os matizes.
Que seja branco ou preto.
Ou colorindo em todas as suas nuances...
Mas que seja uma cor viva
Para que a vida tenha vida.


Em dias nublados e sombrios
 Transforme o cinza em mel.
Adoçando o sabor de fel.
Nos dias ensolarados onde o amarelo impera
Faça nascer da esfera 
A mais autêntica quimera.


 O simbolismo das cores 
Mesmo nas horas de dores 
Exalam a magia da eterna alquimia.
E nas horas mais alegres 
Onde impera o amor
Eis que surge alguma cor
Para realçar seu sabor.
                                            
                                                                             Rosana Madjarof Bussanra 









domingo, 6 de maio de 2012




Um beijo


Foste o beijo melhor da minha vida,
Ou talvez o pior...
Glória e tormento
Contigo à luz subi do firmamento,
Contigo fui pela infernal descida!




Morreste e o meu desejo não te ouvida:
Queimas - me o sangue 
Enches-me o pensamento 
E do teu gosto amargo me alimento
E rolo-te na boca mal ferida.




Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo
Batismo extrema-unção, 
Naquele instante porque, feliz eu não morri contigo?





Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto
Beijo divino, e anseio delirante, 
Na perpétua saudade de um minuto...


                                                  Olavo Bilac
 


 

terça-feira, 1 de maio de 2012






Canção de outono

O outono toca realejo
No pátio da minha vida.
Velha canção, sempre a mesma,
Sob a vidraça decida...


Tristeza? Encanto? Desejo?
Como é possível sabê-lo?
Um gozo incerto e dolorido
De carícia a contrapelo...


Partes, ou alma, que dizes?
Colher as horas em sina...
Mas os caminhos do outono 
Vão dar em parte nenhuma!!
                                                         Mário Quintana