sábado, 27 de agosto de 2011




                                    A caridade

Ela tinha no rosto uma expressão tão calma, 
Como o sono inocente e primeiro de uma alma,
Donde não se afastou ainda o olhar de Deus;
Uma serena graça, uma graça dos céus,
Era-lhe o casto, o brando, o delicado andar,
E nas asas da brisa iam-lhe a ondear
Sobre o gracioso colo as delicadas tranças.
Levava pelas mãos duas gentis crianças.


Ia caminho. A um lado ouve magoado pranto.
Parou. E na ansiedade ainda o mesmo encanto
Descia-lhe às feições. Procurou. Na calçada
Á chuva, ao ar, ao sol, despida, abandonada,
Pedia leito e pão, amparo, amor, guarida.


E tu, ó caridade, ó virgem do senhor, 
No amoroso seio as crianças tomaste, 
E entre beijos__ Só teus__ O pranto lhes secaste
Dando-lhes pão, guarida, amparo, leito e amor.


quarta-feira, 24 de agosto de 2011




Lembranças

Olho, penso
Vejo a vida que passa
Aperto no peito
Saudade do que se foi.


Palavras, sonhos, sorrisos
Tudo se foi com o vento.
Hoje só restaram sombras
De tudo que existiu.


A vida passa sem graça
Agarro por instantes em vagas lembranças
Momentos idos,
Saudades sentidas.


Tentando driblar a vida.


                                                    Cidinha
       

domingo, 21 de agosto de 2011



                                          As rosas

Rosas que desabrochais,
Como os primeiros amores,
Aos suaves resplendores
Matinais;

Em vão ostentais, em vão,
A vossa graça suprema;
De pouco vale; é o diadema
Da ilusão.

Em vão encheis de aroma o ar da tarde;
Em vão abris o seio úmido e fresco
Do sol nascente aos beijos amorosos;
Em vão ornais a fronte à meiga virgem;
Em vão, como penhor de puro afeto,
Passais do seio amante ao seio amante;
Lá bate a hora em fausta
Em que é força morrer; as folhas lindas
Perdem o viço da manhã primeira,
As graças e o perfume.
Rosas, que sois então?_ Restos perdidos,
Folhas mortas que o tempo esquece, e espalha 
Brisa do inverno ou mão indiferente.

Tal é o vosso destino,
Ó grande filhas da natureza
Em que vos pese à beleza,
Pereceis;

Mas, não...Se a mão de um poeta
Vos cultiva agora, ó rosas,
Mais vivas, mais jubilosas,
Floresceis.  


                                                    Caetano Figueiras

quarta-feira, 17 de agosto de 2011




Última folha

Musa, desce do alto da montanha
Onde aspiraste o aroma da poesia,
E deixa ao eco do sagrados ermos
A última harmonia.

Dos teus cabelos de ouro,que beijavam
Na amena tarde as virações perdidas,
Deixa cair ao chão as alvas rosas
E as alvas margaridas.

Vês? Não é noite, não, este ar sombrio
Que nos esconde o céu. Inda no poente
Não quebra os raios pálidos e frios
O sol resplandecente.

Vês? Lá o fundo o vale árido e seco
Abre-se, como um leito mortuário;
Espera-te o silêncio da planície,
Como um frio sudário.

Desce.Virá um dia em que mais bela,
Mais alegre, mais cheia de harmonias,
Voltes a procurar a vós cadente
Dos teus primeiros dias.

Então coroarás a ingênua fronte
Das flores da manhã _e ao monte agreste, 
Como a noiva fantástica dos ermos, 
Irás, musa celeste!

Então, na horas solenes
Em que o místico himeneu 
Une em abraço divino
Verde a terra, azul o céu;

Quando, já finda tormenta
Que a natureza enlutou,
Bafeja a brisa suave
Cedros que o vento abalou;

E o rio, a árvore e o campo,
A areia, a face do mar, 
Parecem, como um concerto,
Palpitar, sorrir, orar;

Então sim, alma de poeta, 
Nos teus sonhos cantarás
A gloria da natureza,
A ventura, o amor e a paz!

Ah! Mas então será mais alto ainda;
Lá onde a alma do vale
Possa escutar os anjos,
E onde não chegue o vão rumor dos homens;

Lá onde, abrindo as asas ambiciosas,
Possa adejar no espaço luminoso,
Viver de luz mais viva e de ar mais puro,
Farta-se do infinito!

Musa, desce do alto da montanha
Onde aspiraste o aroma da poesia,
E deixa ao eco dos sagrados ermos
A última harmonia! 
                                                                   Victor Hugo

domingo, 14 de agosto de 2011


A todos os pais neste dia, todo meu carinho e muita luz!
                                           Cidinha

sábado, 13 de agosto de 2011


                                                Erro

Erro é teu. Amei-te um dia
Com esse amor passageiro
Que nasce na fantasia
E não chega ao coração;
Não foi amor, foi apenas
Uma ligeira impressão;
Um querer indiferente,
Em tua presença,vivo,
Morto, se estavas ausente,
E se hora me vês esquivo,
Se, como outrora, não vês 
Meus incensos de poeta
Ir eu queimar a teus pés,
É que_ Como obra de um dia,
Passou-me essa fantasia.


Para eu amar-te devias
Outra ser e não como eras.
Tuas frívolas quimeras,
Teu vão amor de ti mesma, 
Essa pêndula gelada
Que chamavas coração,
Eram bem fracos liames
Para que a alma enamorada
Me conseguissem prender;
Foram baldados tentames,
Saiu contra ti o azar,
E, embora pouca, perdeste
A glória de me arrastar
Ao teu carro... Vãs quimeras!
Para eu amar-te devias 
Outra ser e não como eras...
                                                         George Farcy

 

terça-feira, 9 de agosto de 2011


Pensamentos...
 
Viajo em pensamentos
e te busco a todo momento
Tento te encontrar
na beleza do dia,
nos fins de tarde, 
nas noites de luar.
Queria poder te dar
uma vida de sonhos,
buscar para ti 
as estrelas, o sol, o mar
para te encantar.
 
Cobrir com flores esse teu caminhar
ser sua âncora para te amparar.
E para sempre contigo estar! 
 
                                                           Cidinha 

sábado, 6 de agosto de 2011


Se o amor existe seu sentido já é manifesto.
Não se preocupe mais com ele e suas definições.
Cuide agora da forma.
Cuide da voz.
Cuide da fala.
Cuide do cuidado.
Cuide do carinho.
Cuide de você.
Ame-se o suficiênte para ser capaz de gostar do amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz.
                                                           Artur Da Távola